Santana de Parnaíba, uma cidade histórica localizada a 40 km de São Paulo – microrregião de Osasco está ligada à ocupação e defesa do Planalto de Piratininga, já que sua fundação foi consequência lógica da política portuguesa de ocupar o planalto e seguir para o sertão.
Fundada às margens do rio Tietê, Santana de Parnaíba transformou-se em ponto estratégico para as expedições ao interior do Brasil. Teve origem na fazenda do português Manuel Fernandes, que, depois de sua morte passou a ser administrada por sua viúva, a matriarca Suzana Dias e pelo seu primogênito André Fernandes, considerados fundadores da cidade. Em 1580, a matriarca e seu filho resolveram erguer uma nova capela em honra de Sant’Ana.
Em 14 de novembro de 1625, o povoado conquistou o status de vila, prerrogativa até então concedida “serra acima” a São Paulo de Piratininga e Santo André da Borda do Campo.
Parnaíba tornou-se centro de bandeirismo, berço de Bartolomeu Bueno da Silva (pai, filho e neto, os três alcunhados Anhanguera) e de Domingos Jorge Velho. Teve em sua história a presença de Raposo Tavares, Padre Guilherme Pompeu de Almeida (o financiador das bandeiras), Fernão Dias e tantos outros bandeirantes que contribuíram para a expansão das dimensões do território nacional.
Sem a ação dos bandeirantes, o Brasil teria uma extensão territorial muito menor, limitada ao que o Tratado de Tordesilhas determinou como fronteira: uma linha imaginária que passava pela atual cidade de Itu, que no século XVI pertencia à Vila de Parnahyba
Embora não haja documentação comprobatória, mas segundo a tradição, recuperada pelo príncipe dos poetas paulistas Paulo Bomfim, à família Bueno da Silva teria pertencido ao único remanescente de casa bandeirista urbana, localizado no Largo da Matriz, atualmente “Museu Anhanguera”..
Santana de Parnaíba
A vila entrou em período de estagnação, subsistindo pela produção promovida por mãos indígenas, como doces, trigo, etc. A situação agravou-se pela abertura de novas estradas que ligavam outras vilas e cidades a São Paulo sem passar por Parnaíba.
O histórico rio Tietê, conhecido durante o período colonial como rio Anhembi, foi decisivo para o desenvolvimento do estado de São Paulo, primeiro facilitando a ocupação do interior do estado, depois alavancando seu progresso com a geração de energia elétrica em suas quedas d’água. A construção da Usina de Parnaíba, a primeira hidrelétrica da Light & Power no Brasil, inaugurada em 23 de setembro de 1901, gerou energia para o desenvolvimento da capital. E, em 19 de novembro de 1906 a vila foi elevada à categoria de cidade. O município resguarda importantes imóveis remanescentes do período colonial, que têm servido como base para estudos de técnicas construtivas, do modo de vida e dos costumes paulistas nos primeiros séculos da colonização. As casas térreas e os sobrados construídos no alinhamento da rua são geminados e com beirais pronunciados que protegem a taipa da intempérie.
A cidade conta com um dos maiores conjuntos arquitetônicos tombados e preservados do estado de São Paulo, são 209 edificações dos séculos XVII ao XX, tombados desde 13 de maio de 1982 pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo. As duas edificações mais emblemáticas – o Museu “Anhanguera” (século XVII) e o sobrado que abriga a “Casa da Cultura Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo” (século XVIII) – que constituem atualmente o Complexo Cultural foram tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1958. Seu Centro Histórico permanece preservado como se o seu patrimônio edificado tivesse sido protegido para mostrar às gerações futuras a riqueza de seus quatro séculos de história e a coragem de seus antepassados. Visitá-lo torna-se uma verdadeira viagem no tempo através da arquitetura.
Mais recentemente, ao final do século XX e início do século XXI, a cidade recebeu um enorme contingente de migrantes. O inchaço do município é claramente percebido na década de 1990, quando Santana de Parnaíba tornou-se campeã do crescimento demográfico em todo o Brasil (em 1990 com 37.800 habitantes; em 2000 com 74.800 habitantes; em 2010 com 108.813, em 2022 com 154.105 habitantes – IBGE). Assim como o rio Tietê que a originou, a cidade não segue a rotina de crescer do centro para os bairros, o seu núcleo inicial está sendo cercado por várias frentes de ocupação territorial. Uma das frentes parte da Rodovia Anhanguera que abriga o núcleo mais populoso: a Fazendinha; o segundo polo mais adensado parte do sentido da Rodovia Castello Branco: o Alphaville; e uma terceira frente a partir da Estrada dos Romeiros, divisa com Barueri: o Parque Santana/Jardim Isaura.